TETRAPLÉGICOS: Reação do Governo ao meu protesto

TETRAPLÉGICOS: Reação do Governo ao meu protesto

TETRAPLÉGICOS: Reação do Governo ao meu protesto

TETRAPLÉGICOS: Reação do Governo ao meu protesto

Quem sou

Chamo-me Cláudio Roberto Santos Poiares, nasci a 3 de Fevereiro de 1982.

Aos quinze anos quando a vida me corria melhor que nunca ; pois tinha passado para o decimo ano de escolaridade e praticava o desporto que adorava ( canoagem ). Estava no auge da minha forma física, a vida sorria-me . Na tarde de 3 de Setembro de 1997 todos os meus sonhos; de formar-me em educação física em ser um atleta de topo e de um dia formar uma família, caíram por terra . E em vez de um jovem sonhador transformar-me-ia num jovem amargurado e revoltado com a rasteira que a vida me tinha pregado. Nessa tarde fatídica no intervalo de um treino de canoagem, resolvi juntar-me a um grupo de colegas para dar um mergulho. Mas não correu nada bem, pois bati com o pescoço no fundo do rio e fracturei a cervical, consequentemente fiquei tetraplégico. Estive quatro meses no hospital S. João depois fui transferido para o hospital da Prelada. Foi aqui que viria a conhecer a enfermeira Ana Paula, por quem me apaixonei e tive a sorte de ser correspondido.

Aos 18 anos casei-me e a vida voltava a sorrir para mim. Infelizmente essa felicidade não durou muito, devido a um acidente que tive em casa dos meus pais. Ao mudar de andar utilizava uma plataforma elevatória e como a cadeira eléctrica era grande tinha que entrar de costas. Nesse dia acidentalmente a plataforma não se encontrava no andar onde estava mas no rés do chão, tendo caído de um segundo andar. O que me salvou a vida foi a cadeira eléctrica que era muito robusta e a minha esposa estar em casa e prestar-me os primeiros socorros. Mesmo assim estive ás portas da morte. Fiz um derrame pleural bilateral e fracturei uma omoplata. Alguns meses de internamento no hospital e estava ultrapassado mais este percalço na minha vida.

Era chegada a altura de tentar realizar mais um dos sonhos que eu pensara ter perdido naquele mergulho trágico, ser pai. Assim começamos a procurar por soluções, pois não poderia engravidar a minha esposa pelo método tradicional, devido á minha tetraplégia. Não foi nada fácil pois naquela altura a existia muito pouca informação, mas na clínica do Dtº Alberto Barros encontra-mo as respostas que desejava-mos. Embora não fosse nada barato a minha esposa começou os tratamentos para fazer inseminação artificial, pois só assim conseguiria realizar esse sonho. Depois de muito sacrifício Deus concedeu-nos essa dádiva. A minha esposa engravidou e ao fim de oito meses deu á luz o meu maior orgulho; o meu filho. Agora era ver os anos a passar e ele a crescer.

Em 2006 senti necessidade de algo mais, queria sentir-me útil. Para isso acontecer tinha que me realizar profissionalmente. Assim dirigi-me ao Centro De Reabilitação Profissional de Gaia, apresentei-lhes a minha ideia de formar uma empresa por conta própria, onde eu iria fazer restauro e manipulação de imagem –conversão de VHS –VH5 e VH8 para DVD e ainda álbuns digitais em DVD . Eles gostaram muito da minha ideia, assim comecei uma formação em multimédia. Quando terminei a formação, encaminharam-me para o centro de emprego. Aqui através das ajudas técnicas forneceram-me todo o material informático que necessitava.

Hoje posso dizer que apesar da minha condição física, sou um homem realizado. Tenho uma mulher e um filho extraordinários e tenho uma profissão.